O Centro de Arte Contemporânea da Fortaleza de Sagres inaugura a exposição “sangue na guelra” do artista Angelo Gonçalves, no próximo dia 8 de agosto, pelas 18 horas.
O título “sangue na guelra” resgata uma expressão portuguesa que sintetiza a essência da exposição: evoca, nas palavras da curadora Mirian Tavares, o «peixe [que], antes de morrer, debate-se, resiste, o seu gesto último é de luta e não de resignação».
Assumindo o carácter provocador da criação artística e a sua capacidade para confrontar a sociedade com o tempo presente e as inquietações atuais, a exposição de Angelo Gonçalves é composta de abrigos precários, concebidos a partir de restos, desperdícios e fragmentos de um mundo insustentável. Ao serem utilizados como matéria-prima em criações artísticas que nos permitem estabelecer paralelos com inquietações dos nossos dias, adquirem novos significados.
«Angelo Gonçalves tem sangue na guelra. (…) O artista não cruza os braços, traz-nos o vermelho vivo da tinta que escorre pelas obras, o sangue da guelra dos peixes que lhes permite, ainda que por breves instantes, resistir.» (M. Tavares)
“sangue na guelra” tem a curadoria de Mirian Tavares e Pedro Cabral Santo, membros do Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve, e pode ser visitada todos os dias, até 16 de novembro de 2025.
Aberto ao público em 2022, o Centro de Arte Contemporânea da Fortaleza de Sagres constitui uma referência no âmbito das artes plásticas na região sul do país. Através das exposições temporárias que acolhe, pretende estimular o interesse pela arte e por temas relevantes para a sociedade contemporânea, estabelecendo diálogos com os patrimónios evocados pelo Promontório de Sagres e fomentando o respetivo potencial criativo, ao serviço da sociedade.
Nota biográfica
Angelo Gonçalves (n. 1973. Santo Estêvão, Tavira)
É Mestre em Processos de Criação, pela Universidade do Algarve, onde fez também uma Pós-graduação em Artes Visuais e Performativas e a Licenciatura em Artes Visuais.
Tem desde sempre uma forte relação com o desenho e a pintura. No seu trabalho, a matéria orgânica ocupa um lugar de destaque. Costuma trabalhar com os desperdícios – restos de objetos e materiais encontrados.
Tem vindo a desenvolver uma obra que reflete, de forma crítica, sobre habitação temporária, casas e abrigos, estando a sua obra representada na coleção Pedro Cabrita Reis, adquirida pela Fundação EDP / MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, em Lisboa, e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, em Guimarães.
Desenvolve ainda trabalho em comunidade — os coletivos, as associações, os movimentos, os grupos — onde participa em várias exposições e em projetos de ação político-artística.